Por trás da tomada: a engenharia que prepara o Brasil

Por trás da tomada: a engenharia que prepara o Brasil

À medida que a mobilidade elétrica ganha espaço no Brasil, cresce também a atenção para um aspecto menos evidente, porém essencial: a infraestrutura robusta e altamente técnica necessária para garantir o desempenho seguro e contínuo dos pontos de recarga rápida.

É nesse bastidor técnico que a Recharge Brasil, especializada em engenharia de recarga, tem participado de alguns dos projetos mais relevantes do país. Entre eles estão as instalações para Shell Recharge, Amazon, Leroy Merlin e o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo (SP).

Como funciona o processo de instalação de um recarregador

Cada projeto precisa de análise da rede, dimensionamento de cabos, proteções elétricas, gestão técnica e planejamento de expansão, uma combinação que exige rigor técnico e respeito às normas. Para tanto existem os padrões NBR 17019, NR-10 e a NBR 5410, que tratam da segurança dos profissionais e da correta intalação.

Segundo Pedro Martins, COO da Recharge Brasil, um terminal que precisa de dez carregadores, hoje, pode demandar 30 em poucos anos, e por isso, os projetos já devem nascer prontos para crescer.

Projetos que não podem dar ruim

Ele acrescenta que a Recharge, por exemplo, adota práticas como o balanceamento inteligente de carga e o uso de infraestrutura modular, conceitos amplamente utilizados no exterior e ainda incipientes no mercado brasileiro. Um projeto bem dimensionado reduz perdas, melhora o desempenho dos equipamentos e garante longevidade ao sistema.

Os principais problemas observados no mercado estão ligados à execução incorreta de instalações elétricas e ao uso de materiais inadequados. Já foram identificados, por exemplo, eletropostos sem DPS (Dispositivo de Proteção contra Surtos) e o IDR (Interruptor Diferencial Residual).

O primeiro evita danos causados por picos de tensão, comuns em dias de tempestade ou falhas na rede elétrica, enquanto o segundo desarma o circuito em caso de fuga de corrente, prevenindo choques e incêndios. A ausência desses sistemas básicos, exigidos pelas normas técnicas brasileiras, coloca em risco não apenas o equipamento, mas também a segurança dos usuários.

A culpa não é do veículo que está sendo carregado

Situações assim são consideradas gravíssimas, já que um erro de engenharia pode causar superaquecimento e até incêndios. A maioria dos incidentes de recarga residencial noticiados no país, por exemplo, tem origem em instalações improvisadas, e não nos veículos. Muitas vezes o usuário conecta um carregador portátil de 3,5 kW em uma tomada comum de 10A, o que representa um risco real e precisa ser combatido com informação.

O plano de expansão da Recharge contempla o crescimento no Brasil e a entrada gradual em outros países da América Latina. “O potencial de eletrificação da região é enorme, mas tudo começa pela base, pela infraestrutura. A transição energética precisa de engenharia sólida, com foco em qualidade, segurança e sustentabilidade”, conclui Carrão.

compartilhe:

Twitter
LinkedIn
WhatsApp