A Universidade de São Paulo (USP) e o Imperial College London (UCL) avançam nas células de combustível a etanol, no Brasil. O Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), da USP, aprimorará tecnologias em hidrogênio e de células a etanol.
A inovação pode redefinir o papel do etanol na transição energética, tornando-o uma alternativa viável e eficiente para o setor de transportes e aplicações industriais.
Projeto prevê células a combustível de baixa e alta temperatura
Coordenado pelo pesquisador do RCGI Thiago Lopes, do Laboratório de Células a Combustível da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), e com a participação do professor Nigel Brandon, do Imperial College London, o projeto desenvolve tecnologias para células a combustível de baixa e alta temperatura.
As células de baixa temperatura utilizam hidrogênio e buscam aprimorar a modelagem e o transporte de reagentes, enquanto as de alta, empregam o etanol.
Portanto, dessa forma é possível alcançar maior eficiência energética e dispensar os tanques de hidrogênio, mais pesados e complexos.
Um dos objetivos centrais é fortalecer a engenharia de células a combustível, um campo historicamente menos explorado no Brasil em comparação aos estudos em materiais e ciências fundamentais.
Planta dentro da USP já converte etanol em hidrogênio
O desenvolvimento de células a combustível para hidrogênio se alinha diretamente a outro avanço do RCGI, o da planta que converte etanol em hidrogênio.
A alteração ocorre por reforma a vapor e tem uma capacidade de produção de 100 kg de hidrogênio por dia. Especialistas veem a tecnologia como outra alternativa.
Paralelamente, o uso direto do etanol em células a combustível amplia aplicações na transição energética, eliminando a conversão prévia para hidrogênio.
“Isso é especialmente relevante para o Brasil, que possui uma infraestrutura consolidada de produção e distribuição de etanol”, destaca Thiago Lopes.
Brasil é um dos primeiros a pensar em células de combustível a etanol
O diretor científico do RCGI, Julio Meneghini, afirma que são poucos, no mundo, os esforços voltados as células a combustível que usem etanol.
“Essa iniciativa representa uma inovação estratégica, pois aproveita uma das maiores vocações do Brasil, que é a produção e o uso consolidado do etanol como combustível renovável. Ao avançarmos nessa frente, temos a chance de transformar o país em referência internacional nesse campo em expansão, fortalecendo tanto a pesquisa quanto a aplicação prática de tecnologias limpas.”