Unesp lidera projeto de HVO, diesel verde a partir de biomassa. Portanto, o projeto do Instituto de Química (IQ) da Unesp, em Araraquara, São Paulo, criou a iniciativa aprovada pela Fundação de Amparo à Pesquisa.
Com isso, liderado pela professora Sandra Helena Pulcinelli, do IQ, o projeto prevê R$ 5 milhões em 5 anos para desenvolver diesel verde (Hydrotreated Vegetable Oil).
Unesp lidera projeto de HVO
“Esse projeto foi concebido com a proposta de somar competências para gerar algo novo e relevante para o Brasil. O diesel verde já é produzido em outros países, mas sua exploração aqui ainda é praticamente nula”, explica a professora.
Produzido a partir de matérias-primas renováveis como óleo de cozinha, gordura animal e rejeitos da indústria, o HVO se diferencia do biodiesel por usar hidrogênio.
Para chegar ao HVO, estudo vai trabalhar todas as etapas
Segundo a professora Sandra, isso garante uma série de vantagens: menor emissão de poluentes, maior eficiência na queima, estabilidade térmica, resistência à oxidação, versatilidade no uso, entre outras.
O projeto está dividido em quatro etapas interligadas, que vão desde a escolha das matérias-primas até os testes em motores. Com isso, o grupo vai trabalhar desde a seleção da biomassa à caracterização do diesel produzido, passando pelo desenvolvimento de catalisadores e produção.
Na primeira fase, a equipe vai selecionar as fontes de biomassa brasileiras com maior potencial para a produção de HVO. A ideia é priorizar matérias-primas sustentáveis e que não concorram com a produção de alimentos.
Por isso, além de óleos vegetais brutos e fritura, o grupo avalia fontes não convencionais, como o óleo extraído de larvas que se alimentam de resíduos orgânicos.
Catalisador é a alma do HVO
Em paralelo à seleção das biomassas, os pesquisadores trabalharão no desenvolvimento dos catalisadores, componentes fundamentais para a reação química que transforma os óleos vegetais em diesel verde.
A hidrogenação incorpora o hidrogênio às moléculas orgânicas dos óleos, substituindo o oxigênio e gerando um combustível mais limpo, estável e eficiente.
Catalisadores mais acessíveis para produção em série
O professor Leandro Pierroni Martins, coordenador do Grupo de Pesquisa em Catálise (GPCat), afirmou que os catalisadores com metais como níquel e cobalto são mais baratos que os com metais nobres tradicionais, como platina e paládio.
Inicialmente, essas reações serão em escala de bancada, com volumes reduzidos (de miligramas a mililitros), e depois as escalarão para reatores maiores.
Reatores de alta pressão também vão ajudar
Para isso, o projeto prevê a aquisição de dois reatores de alta pressão: um com capacidade de cerca de um litro e outro de 50 litros. Esses equipamentos permitirão produzir diesel verde em escala piloto, quantidade suficiente para os testes em motores.
Após a produção, o diesel verde passa por uma análise que averígua sua qualidade, viscosidade, fluidez, estabilidade térmica, composição química e poder calorífico.
ANP e HVO unidos pela transição energética
A ideia é garantir que o HVO atenda aos critérios estabelecidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). A última etapa do projeto será no ITA, por meio do Laboratório de Combustão, Propulsão e Energia, onde finalmente testarão o diesel.
Vale dizer que a mesma rota de hidrogenação pode, segundo os pesquisadores, gerar outros produtos com alto valor agregado, como a gasolina renovável (bionafta) e o querosene de aviação sustentável (SAF).