O setor de energia está em plena digitalização e a segurança cibernética na energia conta com avanços e desafios na era digital, integrando TI e TO, o que amplia eficiência, mas também traz novos riscos cibernéticos.
Com isso, a interconexão de redes aumentou a vulnerabilidade, como demonstrado pelo ataque à Ucrânia em 2015. A escassez de especialistas em segurança industrial agrava o problema, dificultando reações rápidas.
Sistemas de Controle Industrial apresentam mudanças
Portanto, Sistemas Ciberfísicos (CPS) são a nova tendência, com inteligência artificial e monitoramento para mitigar riscos. Logo, a implementação de normas fortalece a defesa das empresas.
Ou seja, com o aumento das ameaças, investir em segurança cibernética não é uma opção, mas uma necessidade para garantir energia.
Logo, para entender melhor, veja a opinião de Marcelo Branquinho, fundador da TI Safe, empresa especializada em segurança cibernética para infraestruturas críticas:
Cibersegurança no setor de energia: desafios atuais e o futuro com sistemas ciberfísicos
O setor de energia está atravessando uma profunda transformação digital, impulsionada pela integração crescente entre tecnologias da informação (TI) e tecnologias operacionais (TO).
Essa digitalização tem proporcionado ganhos significativos em eficiência e controle, mas também tem exposto às empresas a novos riscos cibernéticos, transformando a proteção digital em uma prioridade estratégica.
Entre as principais dores enfrentadas hoje estão a ampliação da superfície de ataque, a sofisticação das ameaças, a escassez de profissionais especializados e a dificuldade de integração com sistemas de resposta a incidentes.
Interligação de redes tornam os ataques mais vulneráveis
Com a interligação de redes antes isoladas, os sistemas de energia se tornaram mais vulneráveis a ataques externos. Um exemplo marcante dessa nova realidade foi o ciberataque à Ucrânia em 2015.
Ou seja, comprometeu sistemas SCADA e causou apagões em larga escala, evidenciando o impacto social e econômico de falhas na segurança cibernética industrial.
Ao mesmo tempo, a falta de talentos com conhecimento específico em segurança para ambientes industriais agrava o cenário, dificultando a implementação de estratégias eficazes de defesa.
Controle Industrial para prevenir as ameaças
Muitas empresas ainda têm dificuldades para identificar e reagir rapidamente a ameaças, o que permite a movimentação lateral de agentes maliciosos e amplia os danos potenciais de um ataque.
Diante desse contexto, a evolução dos tradicionais Sistemas de Controle Industrial (ICS) para os mais avançados Sistemas Ciberfísicos (CPS) representa uma mudança de paradigma.
Hoje há algoritmos de IA para detecção de anomalias
Os CPS vão além do controle e automação convencionais, integrando sensores, atuadores, conectividade em tempo real, análise de dados e inteligência artificial.
Essa abordagem mais ampla exige o redesenho da arquitetura de segurança, com práticas como o conceito de security by design — segurança desde o projeto — e o monitoramento contínuo baseado em algoritmos de IA para detecção de anomalias, correlação de eventos e respostas automatizadas.
Análise dos riscos específicos
A adoção de frameworks modernos, como a norma ISA/IEC 62443 e as diretrizes do NIST, tem ajudado as empresas a estruturarem suas políticas de segurança com base na segmentação de redes, no modelo Zero Trust e na análise de riscos específicos dos sistemas ciberfísicos.
Além disso, o conceito de resiliência ganha destaque, com sistemas desenhados não apenas para evitar ataques, mas também para responder e se recuperar rapidamente em caso de incidentes.
Sensores IoT são capazes de monitorar variáveis críticas como tensão
Na prática, o uso de CPS nas empresas de energia já molda uma nova realidade operacional.
Redes elétricas inteligentes (smart grids), por exemplo, contam com sensores IoT capazes de monitorar variáveis críticas como tensão, corrente e temperatura em tempo real, com respostas automatizadas que equilibram a rede de forma dinâmica.
Sistemas de distribuição adaptativa analisam dados de consumo e geração para redistribuir cargas, prevenindo sobrecargas e apagões. A integração com fontes renováveis, como solar e eólica, também é otimizada, com maior previsibilidade e controle sobre a intermitência dessas fontes.
Análise preditiva e manutenção inteligente reduzem falhas
Além disso, a análise preditiva e a manutenção inteligente, baseadas em dados históricos e IA, reduzem falhas inesperadas e aumentam a disponibilidade operacional dos ativos.
O setor elétrico brasileiro, impulsionado pelas regulamentações da ANEEL e do ONS, tem dado passos largos e importantes rumo à maturidade em segurança cibernética.
Normas internacionais de monitoramento
Um exemplo disso é a adoção do ICS.SecurityFramework da TI Safe, que se baseia nas normas internacionais e contempla desde a análise de risco até o monitoramento contínuo de ameaças.
Empresas que aplicam essa metodologia já estão mais preparadas para enfrentar os desafios do cenário atual e atender às exigências regulatórias.
Inteligencia artificial ajuda na triagem
Outro avanço é o uso de inteligência artificial por meio de um analista virtual (como o Safer, criado pela TI Safe) que atua na triagem de alerta e resposta automatizada a incidentes.
Essa tecnologia já está em operação em empresas do setor, oferecendo uma camada adicional de proteção em ambientes industriais.
Em um setor cada vez mais conectado, inteligente e exposto a riscos digitais, a transição para os Sistemas Ciberfísicos é uma oportunidade estratégica para repensar a segurança como parte integrante da operação.
Blindar os sistemas, portanto, não é mais uma escolha — é uma necessidade para garantir a continuidade, a confiabilidade e a segurança do fornecimento de energia.
Marcelo Branquinho é CEO e fundador da TI Safe, uma empresa especializada em segurança cibernética. Graduado em Engenharia Elétrica, o autor é especialista em segurança de sistemas SCADA e membro da International Society of Automation (ISA).