ONS defende horário de verão para suprir demanda de energia

ONS defende horário de verão para suprir demanda de energia

A ONS defende a volta do horário de verão para suprir demanda de energia. Ou seja, o sistema elétrico brasileiro deve ter problemas de suprimento da demanda de potência de energia elétrica nos horários de pico, especialmente no fim do dia, nos próximos cinco anos, caso não seja realizado leilões de potência de energia.

A conclusão é do Plano da Operação Energética (PEN 2025), lançado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). No documento, é possível ver as condições de mercado previstas no Sistema Interligado Nacional (SIN) para 2025 a 2029.

Especialistas podem recomendar o horário de verão para suprir a demanda

Segundo o ONS, haverá necessidade de despacho de usinas térmicas flexíveis para atender a demanda no horário de pico, com a adoção de medidas alternativas.

Entre elas, a possibilidade de retorno do horário de verão, suspenso pelo governo anterior. Especialistas poderão recomendar a adoção do horário de verão, dependendo das projeções dos próximos meses.

Energia solar não tem geração à noite e horário de verão poderia ajudar

O documento aponta que a geração cresceu, pelas fontes intermitentes, como a eólica, solar e a MMGD (mini e microgeração distribuída solar) Essas últimas não produzem menos energia no horário noturno, quando há maior necessidade de potência.

A previsão atual indica um acréscimo de 36 gigawatts (GW) à capacidade instalada em relação ao total gerado em dezembro de 2024, alcançando 268 GW até 2029.

Solar representará uma das maiores fontes do Brasil

A MMGD, em conjunto com fonte solar, corresponderá a 32,9% da matriz elétrica em 2029, fazendo a fonte solar ser a segunda em termos de capacidade.

Para o operador, a mudança no perfil da matriz elétrica, com a crescente participação das fontes renováveis no atendimento ao SIN, trouxe novos desafios. Ou seja, especialmente das usinas das hidrelétricas, que são mais controláveis, além do despacho das termelétricas.

ONS não sugere térmica de alto nível

A avaliação do ONS é que, diante do cenário atual, haverá necessidade de preparar o sistema para elevados montantes de despacho termelétrico no segundo semestre.

“Observa-se, em todo o horizonte, necessidade de elevado despacho térmico adicional ao previsto para atendimento energético, sendo que grande parte dos cenários já indica a necessidade de utilização da reserva de potência ao longo do segundo semestre de 2025”, diz o documento.

Apesar de apontar a necessidade de despacho das térmicas, o ONS não recomenda a inclusão de geração térmica com alto nível de inflexibilidade ou com longo tempo de acionamento nos próximos cinco anos.

“Ao contrário, o SIN tem demandado cada vez mais requisitos de flexibilidade e, desta forma, o ONS precisa ter à disposição elementos de despachabilidade adequados às rápidas variações de potência requeridas para o atendimento à variação da demanda e das fontes intermitentes ao longo do dia”, diz o ONS.

Leilão de Reserva de Capacidade na forma de Potência foi suspenso

Um leilão para a contratação de potência elétrica –  Leilão de Reserva de Capacidade na forma de Potência – estava previsto para agosto do ano passado. Mas o certame foi judicializado, levando a inúmeros adiamentos da definição das regras do leilão.

A previsão era de que o leilão ocorresse em junho, mas em abril, o Ministério de Minas e Energia editou uma portaria revogando as regras para o certame, o que, na prática, acabou cancelando a disputa que seria destinada à contratação de potência elétrica a partir de empreendimentos de geração, novos e existentes provenientes de usinas hidrelétricas e termelétricas a gás natural e a biocombustíveis.

Aneel disse que um novo leilão será coordenado pela plataforma da CCEE

A Aneel informou que, caso o governo publique uma nova portaria, coordenará um novo leilão, que será realizado na plataforma online da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

“Assim, todo o aprendizado e os documentos redigidos no processo, como a consulta pública realizada pela Agência, poderão ser utilizados como base, na medida do que for adequado e pertinente, em eventual nova instrução”, informou a agência reguladora.

Para o horizonte estrutural (2026/2029), documento aponta o risco explícito de insuficiência da oferta de potência (LOLP), com a violação do nível de confiança da insuficiência da oferta de potência de agosto de 2026 a dezembro de 2026, de agosto de 2027 a abril de 2028 e de julho de 2028 a dezembro de 2029.

“No sentido de busca do equilíbrio estrutural em termos de atendimento aos requisitos de potência, é premente a realização de leilões anuais de reserva de capacidade na forma de potência, uma vez que os estudos do PEN 2024 já indicaram violação dos critérios de garantia de suprimento de potência em 2025, e os resultados do PEN 2025 mostram aprofundamento das violações com o decorrer dos anos avaliados” diz o documento.

O futuro pede cargas especiais e maior demanda

Outro ponto que merece atenção é a inserção de cargas especiais no sistema, tais como plantas de datacenters e hidrogênio verde, que demandam alto suprimento de energia e possuem baixa flexibilidade operativa, “com impacto tanto nos critérios de garantia de suprimento de energia quanto de potência, como mostrado nos cenários de sensibilidade”.

“Atenção especial deve ser dada na viabilização do atendimento destas cargas no período de ponta noturno, momento no qual o sistema já apresenta uma maior dificuldade no atendimento aos requisitos de carga”, finaliza o documento. [Por Agência Brasil]

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