Imagens geradas por IA no estilo Ghibli exigem energia de uma cidade inteira. Logo, é natural pensar que a explosão de criações no ChatGPT aciona um alerta sobre o impacto energético da inteligência artificial generativa.
Afinal, desde que a OpenAI liberou a geração de imagens para todos do ChatGPT, uma verdadeira avalanche de criações visuais tomou conta das redes sociais.
Na penúltima semana, por exemplo, surgiu uma tendência de imagens no estilo “Ghibli”, estima-se que mais de 40 milhões de imagens foram geradas por dia.
Imagens geradas por IA no estilo Ghibli exigem energia de uma cidade inteira
A diversão, no entanto, apesar de parecer invisível, tem um custo e um tamanho. É quase igual quando se aperta o botão de um elevador, sem o embarque.
Cada imagem criada consome, em média, 1 watt-hora (Wh). Multiplicado pelos volumes diários, isso representa 40 megawatt-horas (MWh) por dia, o suficiente para abastecer mais de 7 mil residências brasileiras por 24 horas.
Para efeito de comparação, esse consumo energético equivale a quase um terço da energia usada por uma cidade com 10 mil habitantes, como Abaeté (MG) ou Mostardas (RS).
Ou seja: só essa “trend” de imagens de IA foi capaz de demandar a energia necessária para manter uma pequena cidade inteira funcionando por um dia.
Pense em uma cidade movida por IA
“A IA generativa nos fascina pela criatividade, mas está exigindo que comecemos a pensar nela como um setor com impacto energético real. Só essa moda das imagens estilo Ghibli consumiu, em um único dia, a mesma energia que abasteceria milhares de casas. É um lembrete de que a transformação digital precisa caminhar com a responsabilidade energética,” alerta André Miceli, CEO da MIT Technology Review Brasil.
A sobrecarga também foi reconhecida internamente. O CEO da OpenAI, Sam Altman, chegou a dizer que as GPUs da empresa estavam “derretendo” diante da explosão de demanda, uma metáfora bem-humorada, mas que revela um problema real de infraestrutura e sustentabilidade.
Com o crescimento acelerado da IA generativa, especialistas têm alertado para o aumento da pressão sobre a matriz energética global.
Sem avanços significativos em eficiência computacional e sem a ampliação do uso de fontes renováveis em data centers, o impacto ambiental pode crescer no mesmo ritmo da internet.
“Cada prompt enviado a uma IA consome energia. E, quando isso acontece em escala de bilhões, temos uma pressão silenciosa, mas crescente, sobre a infraestrutura energética. O desafio é garantir que essa nova era digital seja alimentada por fontes limpas e sustentáveis, e não por uma matriz ultrapassada que comprometa nossas metas climáticas,” afirma Hudson Mendonça, CEO do Energy Summit, evento internacional voltado à inovação e sustentabilidade no setor de energia.