Que a transição energética exige infraestrutura, isso já é sabido. No Brasil, essa discussão está mais aquecida por conta da grande oferta de energia renováveis.
Para o Dia Mundial da Energia, o assunto voltou à tona, mostrando que não adianta a eletrificação crescer e a infraestrutura permanecer estagnada.
Veja a seguir, o artigo de Ty Eldridge, CEO da Brasol, uma das principais desenvolvedoras de transição energética no Brasil, com o título:
Transição energética exige uma infraestrutura robusta para sustentar crescimento digital e segurança elétrica no Brasil
Nesta semana em que celebramos o Dia Mundial da Energia, o foco é a promoção do acesso universal, seguro e sustentável à energia limpa.
Mais do que uma celebração pontual, esse período convida governos, empresas e a sociedade a refletirem sobre os desafios e as
oportunidades do setor, especialmente em um momento em que a transição energética se torna cada vez mais urgente e complexa.
Brasil tem 84% de matriz renovável
O Brasil tem motivos para se orgulhar: mais de 84% da nossa eletricidade já vem de fontes renováveis, como hídrica, solar, eólica e biomassa, uma das matrizes mais limpas do mundo.
No entanto, essa conquista não é sinônimo de segurança. Enfrentamos apagões, tarifas elevadas e dificuldades para entregar energia de forma confiável.
O que aponta para uma infraestrutura elétrica que não está acompanhando o avanço da geração limpa, da eletrificação e, agora, da digitalização da economia.
Tecnologias como IA estão despontando
A nova onda de consumo energético vem sendo puxada pela transformação digital. Tecnologias como Inteligência Artificial, computação em nuvem e data centers demandam volumes cada vez maiores de eletricidade, operando 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Quando essa nova demanda se soma à intermitência natural das renováveis e ao ritmo lento de expansão da rede, o resultado são pressões inéditas sobre o sistema.
Como evitar interrupções do sistema
Para evitar blecautes ou quedas de fornecimento, o Brasil ainda recorre a usinas térmicas fósseis — uma solução cara e poluente.
Nesse cenário, os sistemas de armazenamento de energia por baterias (BESS) ganham protagonismo como solução prática, sustentável e imediata.
Já usados em países como China, Austrália e Chile, esses sistemas permitem armazenar o excedente de energia gerado por
fontes solares e eólicas e distribuí-lo nos momentos de maior demanda ou menor geração.
Armazenamento é a palavra de ordem para o momento
Com isso, aliviam picos de consumo, estabilizam a rede e previnem falhas em hospitais, indústrias e centros de dados. O armazenamento é a peça que faltava para um sistema energético mais resiliente.
Ele reduz a dependência das térmicas, melhora a eficiência da entrega e acelera a transição para uma matriz verdadeiramente sustentável. E o melhor: é modular, escalável e pode ser implantado com rapidez.
Não é mais uma promessa de futuro — é uma necessidade do presente. Além da estabilidade, os sistemas BESS trazem vantagens econômicas concretas.
Eles permitem que geradores renováveis vendam energia em horários mais estratégicos e oferecem autonomia energética a consumidores localizados em regiões remotas, como áreas rurais e de agronegócio.
A integração é o segredo do sucesso no mercado de energia
Integrado a sistemas solares, o armazenamento reduz perdas, melhora a qualidade do fornecimento e pode até diminuir a conta de luz. É um passo importante para democratizar o acesso à energia limpa no Brasil.
Mas para que esse potencial se concretize, é fundamental enfrentar um obstáculo: a ausência de regulamentação. Sem regras claras sobre remuneração, uso da rede ou papel dos operadores, o setor permanece travado.
Embora já existam iniciativas positivas — como os leilões de reserva de capacidade com baterias — ainda falta segurança jurídica e coordenação institucional.
A boa notícia é que o Brasil reúne condições técnicas, ambientais e econômicas para liderar essa nova fronteira
Segundo estudo da Greener, o mercado de armazenamento com baterias junto ao consumidor pode movimentar mais de R$ 22,5 bilhões em investimentos até 2030, impulsionado pela queda no custo das baterias de lítio e pela demanda crescente por soluções limpas e inteligentes.
Mas para transformar esse potencial em realidade, precisamos de planejamento estratégico e vontade política. Na semana da energia, reforço o compromisso da Brasol com uma transição energética sólida, tecnológica e inclusiva.
Portfólio completo contribui com qualidade
Nosso portfólio já conecta geração solar, armazenamento, infraestrutura elétrica e carregamento de veículos elétricos em soluções eficientes e sustentáveis para o mercado brasileiro.
A energia limpa precisa não apenas ser gerada, mas entregue com confiabilidade. E isso começa por uma infraestrutura à altura dos desafios do nosso tempo.
Ty Eldridge é CEO da Brasol, desenvolvedoras de transição energética no Brasil e com um portfólio que inclui energia solar, subestações, linhas de transmissão, carregamento de veículos e sistemas de baterias.