Cadê o GNV? Pedidos por gás natural veicular despencam 64%

Dados do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP) mostram declínio nos pedidos de inclusão de GNV em veículos. O número de solicitações, que era 10.000 em 2021, despencou para um quarto disso em 2024, cerca de 2.500. Já neste ano, até outubro, o Detran-SP recebeu 1.254 pedidos, número 17% menor que do ano passado e 64% abaixo de cinco anos.

Com a menor procura do GNV, a frota ativa de carros ou motos que fazem uso do combustível vem diminuindo. Se em 2020 o estado de São Paulo contava 215.450 veículos com opção de abastecimento a GNV, em 2021 o número passou a 207.888, e em 2023 já havia encolhido para 182.452. Hoje, o valor de 142.587 representa um recuo de 34% no período.

Cadê o GNV que estava aqui? Pedidos por gás natural caem 64%

Conforme os motoristas, com a alta no preço do gás, hoje compensa mais usar etanol, porque a economia é pequena frente ao investimento para adaptar o carro.

Em São Paulo, capital, por exemplo, o enxugamento da frota com GNV na capital, onde o total de veículos com gás natural caiu de 88.300 em 2020 para 59.019 em outubro deste ano, uma retração de 33%.

Recuo do GNV só na capital paulista

De novo, o recuo reflete a redução na procura pelo abastecimento a gás. Se em 2021 a capital registrou mais de 4.000 pedidos, no ano seguinte já tinha 25% menos. Em 2024 o volume de solicitações ficou em três dígitos, 946. Os dados do Detran-SP indicam 691 pedidos de inclusão de gás natural em veículos até o final de outubro, acompanhando a tendência de queda percebida nos últimos anos.

O movimento do GNV para automóveis é diferente do que vem acontecendo com os caminhões, onde as transportadoras buscam pelo biometano. Um modelo de abastecimento por gás proveniente de aterros ou de dejetos da agricultura que chega aos pátios das transportadoras por meio de dutos ou cilindros.

Capacidade de abastecimento de GNV do Brasil

No Brasil, por exemplo, existem mais de 1.750 postos de combustíveis que comercializam GNV. Desses, 356 estão instalados em São Paulo. A frota do país é de mais de 311 mil veículos convertidos.

Porém, apesar dessa amostra, é possível dizer que os modelos com cilindros amarelos não estão na mão de autônomos, mas sim, apenas, de trasportadoras. É importante destacar que o GNV pode gerar uma economia em relação ao diesel em torno de 15%. Mas a autonomia é bem menor, em média 350 quilômetros contra quase mil.

Apesar da queda nos automóveis, o momento é de crescimento

As transportadoras de maior renome estão buscando o biometano como forma de entregar soluções energéticas. Para Renata Isfer, Presidente da Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), o país está evoluindo, mas ainda há muito espaço para o biometano crescer.

“A gente vive um momento de sinergia entre, principalmente, as empresas que tem frota e as empresas que lidam com logística de gás, em ter, em adquirir os caminhões, e, ao mesmo tempo, viabilizar o abastecimento”, acrescenta.

Ela faz uma referência com a história de quem deve vir primeiro, o ovo ou a galinha? “O autônomo vai comprar um caminhão sem ter onde abastecer, sem saber se vai chegar ao seu destino, conseguindo abastecer e voltar para sua origem?”.

E também defende ao mesmo tempo que o dono do posto não tem incentivo, nem clientes que justifiquem a instalação do biometano para atender à pequena demanda.

“O biometano está tão em voga, porque de uma hora para outra, as pessoas viram que você tem todos os lados dessa equação com o mesmo interesse. Então, começaram essas pontas a se conectar ao invés de ficar um correndo atrás do outro num círculo que não vai, de repente está todo mundo conversando”, finaliza Renata.

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