Terras Raras: entenda a disputa atual do mundo globalizado

Terras Raras: entenda a disputa atual do mundo globalizado

O termo “terras raras” designa 17 elementos químicos que fazem parte da tabela periódica. Eles têm propriedades únicas, essenciais para a indústria moderna, especialmente em tecnologias de ponta, como eletrônicos, energia renovável e veículos elétricos. Há 15 elementos da série dos lantanídeos, além do ítrio (Y) e do escândio (Sc), que possuem características químicas semelhantes.

Apesar do nome, as terras raras não são exatamente raras na crosta terrestre. O nome ganhou força por conta da difícil extração e separação dos elementos. Ou seja, são complexas e caras, motivo que as tornam estratégicas para economia do planeta.

Outra associação do nome terras raras vem do século XIX: na época, os cientistas encontraram esses elementos em óxidos (“terras”) incomuns e difíceis de separar, daí o termo “raras”. Hoje se sabe que eles não são escassos, apenas difíceis de purificar.

Quem domina o mercado de terras raras?

Atualmente, a China domina mais de 60% da produção mundial de terras raras e controla grande parte do processamento global. A demanda global por esses materiais cresce em ritmo acelerado: em 2020 foram extraídas cerca de 240 mil toneladas de óxidos de terras raras, volume que saltou para 390 mil toneladas em 2024, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, ou United States Geological Survey).

Já as projeções da Agência Internacional de Energia indicam um aumento de até sete vezes na procura por esses elementos até 2040, impulsionado pela transição energética e pela digitalização da economia.

Há Terras Raras no Vale do Jequitinhonha?

O Jequitinhonha é uma das regiões mais mineralizadas de Minas Gerais, tradicionalmente conhecida pela extração de diamantes, lítio e pegmatitos (rochas que contêm minerais raros e preciosos).

Nos últimos anos, por exemplo, pesquisas geológicas têm apontado que o vale também abriga potenciais reservas de terras raras, associadas a depósitos de lítio e nióbio, dois minerais estratégicos para baterias e tecnologias limpas.

Portanto, o Vale do Jequitinhonha não é formado por terras raras, mas pode conter reservas desses elementos. É hoje uma região estratégica na mineração de lítio, com potencial associado para nióbio e terras raras.

Como fica o Brasil dentro das Terras Raras?

Estudos indicam que o Brasil possui cerca de 21 milhões de toneladas de óxidos de terras raras em reservas, aproximadamente 23% das reservas mundiais, a segunda maior proporção global, atrás apenas da China. As principais ocorrências mapeadas distribuem-se em estados como Goiás, Minas Gerais, Amazonas e Bahia. Porém, apesar dessa riqueza natural, a produção nacional ainda é insignificante, em torno de 1% da oferta mundial.

Até pouco tempo, por exemplo, nenhuma mina de terras raras operava comercialmente no país, somente em 2024 se iniciou a primeira exploração industrial. Portanto, especialistas estimam que, com investimentos adequados, o Brasil poderia suprir até 10% da demanda global nos próximos anos.

Como fica a América Latina?

Enquanto o Brasil lidera em reservas, outros países da região também começam a se mover. O Chile, por exemplo, vem mapeando depósitos de terras raras associados à mineração de cobre e lítio, e investe em pesquisas para aproveitar resíduos de mineração. O Peru e a Argentina também registram indícios promissores desses elementos, mas ainda em estágios iniciais de prospecção.

Com a crescente demanda global por tecnologias de energia limpa e eletrificação, as terras raras assumem papel estratégico. A região latino-americana, em especial o Brasil, pode se tornar um fornecedor crucial desses minerais críticos, desde que consiga equilibrar produção sustentável, domínio tecnológico e políticas industriais de longo prazo.

Quais são os elementos que estão nas terras raras?

Os elementos considerados raros têm propriedades magnéticas, luminosas e condutivas únicas, o que os torna essenciais para a indústria moderna. Ou seja, são usados em ímãs de alta potência, baterias recarregáveis, fibras ópticas, catalisadores automotivos e equipamentos militares.

Elemento Símbolo Principais usos e propriedades
Escândio Sc Leve e resistente, usado em ligas de alumínio para aviação e bicicletas de alto desempenho.
Ítrio Y Dá luminosidade a telas de LED e TVs, assim como em supercondutores e lasers médicos.
Lantânio La Essencial em lentes de câmeras e telescópios; usado em baterias de veículos híbridos.
Cério Ce Atua como catalisador na indústria automotiva e no refino de petróleo; polidor de vidro e espelhos.
Praseodímio Pr Produz ímãs fortes e ligas metálicas para motores elétricos e turbinas.
Neodímio Nd Um dos mais importantes: cria ímãs superpotentes usados em turbinas eólicas, hard disks e fones de ouvido.
Promécio Pm Radioativo e raro; usado em geradores nucleares de energia em satélites.
Samário Sm Componente de ímãs permanentes resistentes a altas temperaturas; usado em reatores nucleares.
Európio Eu Responsável pelas cores vermelha e azul em telas de LED e tubos de imagem.
Gadolínio Gd Utilizado em aparelhos de ressonância magnética (MRI) e em materiais magnéticos.
Térbio Tb Melhora eficiência de lâmpadas fluorescentes e telas LCD; usado em ligas magnéticas.
Disprósio Dy Confere resistência térmica a ímãs usados em motores de veículos elétricos e turbinas eólicas.
Hólmio Ho Forte campo magnético; usado em lasers e em ligas de ímãs especiais.
Érbio Er Amplifica sinais em fibras ópticas; usado também em lasers cirúrgicos e cosméticos.
Túlio Tm Raro e caro; utilizado em lasers médicos e dispositivos portáteis de raio-X.
Itérbio Yb Empregado em detectores de radiação e lasers industriais.
Lutécio Lu Usado em detectores PET (tomografia por emissão de pósitrons) e catalisadores para refino de petróleo.

Como os elementos aparecem na tabela periódica?

Terras Raras: entenda a principal disputa do mundo globalizado
Tabela periódica e descrição dos elementos elaborados com IA

 

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