A ideia de “guardar a energia de um raio” é tentadora, já que um único raio pode liberar centenas de milhões de joules, o bastante para alimentar uma casa por semanas. Mas há três grandes motivos físicos e técnicos que explicam: por que não conseguimos guardar a energia de um raio?
Trata-se de uma ideia fascinante, a de conseguir capturar e armazenar a energia de um raio, uma vez que um único raio consegue liberar centenas de milhões de joules, energia suficiente para abastecer uma casa por alguns dias. Mas, há barreiras físicas e técnicas que impossibilitam aproveitá-la de forma útil.
Como guardar a energia de um raio?
O primeiro desafio está na natureza do fenômeno: um raio dura menos de um segundo, geralmente entre 10 e 100 microssegundos. É um pulso elétrico extremamente intenso, com correntes que podem ultrapassar 30 mil ampères e tensões de mais de 100 milhões de volts. Ou seja, em tão pouco tempo, seria como tentar armazenar uma queda d’água colossal em uma garrafa. Se preferir, colocar uma potência enorme em um tempo de descarga, curto demais, para qualquer sistema absorver.
Vale dizer que apesar da luminosidade, a energia total de um raio não é tão grande quanto parece. Em média, equivale a cerca de 300 kWh, o consumo de uma residência por aproximadamente dez dias. E boa parte dessa energia se perde no ar e no solo durante a descarga, restando muito pouco que poderia ser capturado de fato.
Energia utilizável de um raio ainda é um sonho
Mesmo que fosse possível coletar essa energia, surge outro obstáculo: não há tecnologia capaz de armazenar picos tão violentos. Baterias, supercapacitores e bobinas precisam de correntes estáveis e controladas para carregar. Já o raio entrega energia de modo imprevisível, com variações bruscas e múltiplas descargas sucessivas. Converter milhões de volts em eletricidade aproveitável exigiria sistemas de estabilização que ainda não existem.
Por isso, embora a ideia de “guardar um raio” desperte curiosidade, o que se faz hoje é estudar o fenômeno para compreender melhor sua física e reduzir os danos que causa. Em termos práticos, transformar a fúria de um relâmpago em energia elétrica utilizável ainda é um sonho distante.




